Coloquei o título entre aspas pois, no meu entender, não existe “Ética Empresarial”, ou “Ética qualquer coisa”. A Ética é universal e, em tese, não deveria ser segmentada por um setor (empresas, escolas etc.), uma profissão (advogado, médico etc.), ou qualquer outra atividade que mitigue a universalidade que é própria da sua gênese. Preciosismo meu? É claro que sim!
Já no campo da Ética Aplicada, aí sim, faz sentido falarmos de Ética aplicada a Empresas, Ética aplicada a Saúde, Ética aplicada a Educação etc. Sempre com um olho nos assuntos que são comuns a aplicação da ética, no âmbito universal.
Assim, quando discuto sobre Ética aplicada as Empresas, devo discutir os assuntos que sejam comuns a maioria das empresas no mundo: colaboradores, compliance, sustentabilidade, governança e etc. Se entrar na seara da discussão das normas e regras para os colaboradores, para o compliance, para a sustentabilidade, para a governança, já estou tratando dos aspectos morais. A linha tênue que divide a ética aplicada e a moral está na sua abrangência.
Isto posto, vou tentar demonstrar neste texto, como eu desenvolvo a Cultura Ética e Moral dentro da Empresas em projetos de consultoria. São, basicamente, 10 etapas que utilizo nesses projetos. São elas:
1) Testes Éticos e Morais com todos stakeholders
É a anamnese da empresa. Como prescrever um remédio eficiente e eficaz, sem ter um diagnóstico mais profundo dos pacientes?
Esses testes, desenvolvido pela minha consultoria ao longo de 21 anos de existência, oferecem um panorama com muita precisão sobre os pontos obscuros e as convicções em relação a Ética e Moral por parte dos stakeholders da empresa. Aqui, conhecemos como os stakeholders relacionam a empresa a Postura Ética esperada e Ação Moral realizada.
Esse diagnóstico não tem nada a ver com o ranking de empresas éticas (o que não existe) ou de empresas vinculadas aos institutos e associações de tratam da ética (Ethics Washing). Esse diagnóstico tem a ver com as ações efetivas dos stakeholders e sua postura perante o mundo.
2) Sensibilização
Com o diagnóstico nas mãos são feitas análises profundas sobre a situação da empresa. Após essas análises, criamos: palestras, oficinas, workshops, treinamento e etc., com objetivo de sensibilizar os stakeholders sobre ética e moral. Fazemos isso de acordo com o público, ou seja, quando fazemos o diagnóstico, fazemos uma segmentação adequada para que, na hora do “remédio” dar as doses necessárias e exigidas para cada público. Se damos doses erradas, o “remédio” vira veneno ou não surte efeito algum.
3) Conteúdos: (cursos, oficinas, workshops, seminários etc.)
Usamos uma metodologia para aplicar os conteúdos, aos públicos específicos, baseadas em dilemas Éticos e Morais que acontecem no dia a dia. Abordagens assim, têm mais relação com o que vivem as pessoas e elas acabam aprendendo os conceitos corretos e estruturados de ética e moral. Além disso, os conteúdos ficam disponíveis em plataforma de EaD para consulta a todo momento.
É nessa etapa que a diferença entre minha consultoria e as demais de mercado é amplificada ao extremo. Sou filósofo, com experiência de mais de 30 anos trabalhando como executivo em empresas, nacionais e multinacionais e entregando resultados. A filosofia entrou na minha vida tardiamente. Eu já tinha me formado em Comunicação Social com especialização em Publicidade e Propaganda e em Administração de Empresa. Na formação filosófica, me especializei em Ética e Moral, temas que estudo, de forma contumaz, há mais de 16 anos.
O meu conhecimento acadêmico serve como estrutura para traduzir, para os leigos, os conceitos corretos de Ética e Moral. Mas é na minha experiência empresarial que consigo fazer as conexões necessárias entre a Ética/Moral e o dia a dia da empresa que deseja ser diferente e realmente ter uma Postura Ética e uma Ação Moral.
4) Mentoria
Por vezes, é necessário fazer mentoria para alguns líderes que, por motivos específicos, não participam do processo com os demais stakeholders. De qualquer forma, a mentoria também segue a mesma metodologia que o restante das pessoas.
5) Análise e revisão de documentos normativos e áreas: (Código de Conduta, manual de normas e procedimentos, LGPD, manual anticorrupção, SAC etc.)
Agora que as pessoas já conhecem ética e moral razoavelmente bem e de forma correta, elas começam a analisar, em conjunto com a consultoria, os documentos normativos existentes na empresa e, em grupos, propor as devidas alterações e ajustes, tanto nos formatos como nos conceitos, nas regras, nas punições e etc.
Os documentos passam a ter um caráter “vivo” na empresa e se posicionam como ferramentas de consulta diária pelos stakeholders.
6) Ouvidoria, comitê de ética, canal de ética, SAC etc.)
Com as pessoas conhecendo ética e moral, com novos documentos normativos na empresa, partimos agora para reestruturar as áreas de contato mais sensíveis pelos stakeholders. Nesse momento é verificado o que a empresa quer fornecer de experiência para todos que entrarem em contato com ela e, se essa experiência é ética e moral.
7) Análise e revisão dos processos operacionais
É comum na etapa anterior, encontramos gargalos nos processos operacionais que tornam a experiência de relacionamento um desastre.
É preciso reescrever esses processos, agora do ponto de vista da ética e da moral. Sabemos que processos mal desenhados levam a empresa a agir de forma antiética e imoral.
8) Desenvolvimento e Implantação da Cultura Moral
Você notou que estamos evoluindo passo a passo. Agora que já estabelecemos nosso posicionamento perante o mundo, vamos checar se estamos agindo moralmente, ou seja, cumprido as regras já determinadas pelas leis e as regras determinadas pela própria equipe da empresa. É assim que nasce, definitivamente a Cultura Moral: cumprir com os combinados gerais e/ou agir para modificá-los quando eles ficarem obsoletos ou antiéticos.
9) Pesquisa com os stakeholders
Acreditando que já temos uma Cultura Moral, fazemos um novo teste junto aos stakeholders para saber a verdade. O resultado desses testes mostram a necessidade de alguns ajustes em nosso modelo de pensamento. É comum ficarmos presos a valores que, na verdade, não existem.
10) Desenvolvimento e Implantação da Cultura Ética
Certificada a nossa Cultura Moral, é necessário evoluir e buscar a Cultura Ética. É um salto gigantesco da empresa. Se os stakeholders não estiverem preparados não acontecerá.
Às vezes, após ter conquistado a Cultura Moral, demora um longo período para chegar a Cultura Ética. Isso ocorre em função dos modelos de negócios existentes no mercado. É difícil um empresa com Postura Ética se relacionar com empresas que não estão nem aí com a ética e com a moral.
Por exemplo: Em uma negociação comercial, ter um desconto (carta na manga) para fechar um negócio, é natural, certo?
Para uma empresa com Postura Ética é considerado um estratagema antiético. Explico: se a empresa é ética e age de forma transparente, ter uma carta na manga é uma atitude antiética, pois mostra que ela colocou uma “gordura” no preço para a qual, quando solicitada, ela dará como um desconto exclusivo. Tudo jogo de cena. Ou seja, tudo antiético. A mentalidade de colocar uma “gordura” no sistema de precificação, é predadora.
Por isso, ter Cultura Ética implantada na organização, leva tempo, tem que educar clientes e fornecedores, tem que educar governo, tem que educar a concorrência, ou seja, tem que educar todos os stakeholders.
A pergunta que fica é: Sua empresa quer, realmente, isso?
Xiko Acis | CEO 7S Projetos
+55 11 96466-0184
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