Dan Brown, autor do “Código Da Vinci" disse: A história é sempre escrita pelos vencedores. Quando duas culturas se chocam, o perdedor é obliterado, e o vencedor escreve os livros de história que glorificam sua própria causa e menosprezam o inimigo conquistado. Como Napoleão disse uma vez: "O que é a história, senão uma fábula acordada?"
A expressão "a história é contada pelos vencedores" significa que a perspectiva e a narrativa histórica são influenciadas pela visão dos vencedores em um conflito ou evento histórico. Em outras palavras, a história é escrita por aqueles que têm o poder e a autoridade para contar sua versão dos eventos, muitas vezes exaltando seus próprios feitos e minimizando ou ocultando as ações dos perdedores ou das vítimas.
Isso acontece porque aqueles que vencem geralmente têm a capacidade de controlar e influenciar a maneira como a história é registrada e transmitida às gerações futuras. Eles podem escrever livros, criar monumentos e erguer estátuas para celebrar suas realizações, enquanto reprimem ou distorcem as histórias das pessoas que foram derrotadas ou oprimidas. Isso pode criar uma visão enviesada e incompleta da história, que não reflete totalmente a diversidade de experiências e perspectivas dos indivíduos e grupos envolvidos.
Portanto, é importante que os historiadores considerem cuidadosamente as fontes e os contextos históricos e busquem obter uma visão mais ampla e inclusiva dos eventos passados, a fim de compreender as múltiplas perspectivas e histórias que existem. Um livro histórico datado de muito tempo, provavelmente conta uma falsa história. Lembre-se disso.
Há muitos exemplos na história em que a narrativa contada pelos vencedores se mostrou incompleta, imprecisa ou até mesmo falsa. Dois exemplos importantes:
Cristóvão Colombo e a descoberta da América: A versão popular da história retrata Cristóvão Colombo como o descobridor da América, mas essa narrativa ignora completamente os povos indígenas que já viviam na América há milhares de anos antes da chegada de Colombo. A história contada pelos europeus vencedores desconsidera as culturas, línguas e tradições desses povos, bem como a violência e opressão que foram submetidos pelos colonizadores.
A história da escravidão: A história da escravidão é frequentemente contada do ponto de vista dos proprietários de escravos, que justificaram a escravidão como uma instituição legítima. A perspectiva dos escravos, suas lutas e resistências são muitas vezes ignoradas ou minimizadas. A história oficial, assim, deixa de destacar as injustiças, violências e violações aos direitos humanos que os escravos sofreram.
Esses são apenas dois exemplos, mas ilustram como a história contada pelos vencedores nem sempre é uma representação precisa ou completa dos eventos históricos.
A maioria das narrativas históricas, os protagonistas são geralmente os indivíduos ou grupos que desempenharam um papel fundamental nos eventos ou mudanças históricas que estão sendo descritas. Eles são frequentemente os líderes, as personalidades carismáticas, os generais e os governantes que exerceram influência sobre os acontecimentos. Esses protagonistas são os que se julgam vencedores.
Os coadjuvantes são aqueles que têm um papel menos proeminente na história, mas ainda assim contribuem para os eventos ou mudanças históricas. Eles podem ser soldados, trabalhadores, camponeses, povos indígenas ou qualquer outro grupo que tenha desempenhado um papel importante nos eventos descritos, mas que geralmente são menos destacados nas narrativas históricas. São, na maiorias, os perdedores.
Cristóvão Colombo
Por exemplo, na história de Cristóvão Colombo e a descoberta da América, geralmente se considera Colombo e outros exploradores europeus, como Hernán Cortés e Francisco Pizarro, como os protagonistas (vencedores). Eles são retratados como exploradores corajosos e aventureiros que descobriram um novo mundo, abrindo caminho para a colonização e a exploração da América pelos europeus.
Os povos indígenas das Américas, por outro lado, muitas vezes são vistos como coadjuvantes (perdedores), ou seja, como personagens menos importantes na história. Eles são frequentemente retratados como vítimas ou bárbaros primitivos que precisavam ser civilizados pelos europeus.
No entanto, essa narrativa é tendenciosa e não reflete a verdadeira complexidade e diversidade dos povos indígenas que já habitavam a América muito antes da chegada dos europeus. Alguns grupos indígenas eram altamente civilizados, com avanços em arquitetura, agricultura, matemática e astronomia, por exemplo. Além disso, os povos indígenas resistiram à colonização e à opressão europeia de diversas maneiras, muitas vezes enfrentando violência e genocídio.
Portanto, não é correto e nem ético, considerar os protagonistas como os vencedores e os coadjuvantes como os vencidos nessa história. A realidade é que os povos indígenas foram subjugados e oprimidos pelos europeus, mas também foram agentes ativos na história, lutando por sua liberdade e dignidade.
Escravidão
Na história da escravidão, os protagonistas (vencedores) são frequentemente os donos de escravos e as elites econômicas que se beneficiaram do comércio de escravos e da exploração dos trabalhadores escravizados.
Eles são os personagens que impulsionaram o sistema escravista e o mantiveram em vigor durante séculos.
Os coadjuvantes (vencidos/perdedores), por outro lado, são os próprios escravizados e suas comunidades, que foram sequestrados de suas casas, forçados a trabalhar em condições brutais e desumanas e privados de seus direitos básicos. Eles foram vítimas da escravidão e muitas vezes resistiram de várias maneiras, incluindo fugas, rebeliões e a preservação de suas culturas e tradições.
No entanto, não é correto considerar os protagonistas como os vencedores e os coadjuvantes como os vencidos nessa história. Embora a escravidão tenha sido abolida em muitos países, seus efeitos prejudiciais ainda afetam as comunidades afrodescendentes em todo o mundo. Além disso, muitos escravizados lutaram por sua liberdade e por sua dignidade, deixando um legado importante para as lutas pelos direitos humanos e a justiça social até hoje.
Portanto, é importante reconhecer que a história da escravidão é complexa e que a luta contra a escravidão envolveu muitos personagens diferentes, incluindo ativistas, líderes comunitários e pessoas comuns que lutaram contra a opressão e pela liberdade. É fundamental lembrar que a luta contra a escravidão e o racismo ainda continua nos dias de hoje.
Na modernidade, a cultura do protagonista (vencedor) foi colocada com uma coisa boa, ética e moral. Da mesma forma que a cultura do coadjuvante (perdedor), foi apresentada como algo menor, até antiético e imoral.
Garanto a você, meu leitor, que ser protagonista, hoje em dia, é ser antiético e imoral na maioria dos casos por mim pesquisado. Apenas estamos seguindo uma tendência secular que ser protagonista é ser o melhor. Nada disso. O protagonismo, na atualidade, está envaidecido, está arrogante, sem compaixão e sem alteridade.
Perdemos a humanidade na busca do protagonismo egóico e irresponsável. Em um mundo em que todos querem ser protagonistas, ser coadjuvante é assumir uma postura ética e moral sem precedentes.
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