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Foto do escritorXiko Acis

Preciso de ajuda. Meus funcionários estão com problemas...


A indústria completa 30 anos esse mês e o maior desejo do Senhor Luiz, fundador e presidente, é que a equipe volte a produzir resultados como fazia a 20 anos. Esses últimos anos, a empresa vem sobrevivendo e matando um leão por dia, como diz Luiz. Para ele, isso é culpa da falta de comprometimento dessa juventude. “Eles não vestem a camisa...” diz ele a Joaquim, consultor que está ouvindo o diagnóstico enfático do Sr. Luiz, como gosta de ser chamado.
Sr. Luiz, e seus seis gerentes, que o acompanham durante esses últimos 15 anos, definem o problema como sendo a falta de motivação, comprometimento, da equipe de supervisores, líderes e operadores da indústria. Marta, gerente do departamento de pessoal, diz que já implementou tudo na empresa: treinamentos motivacionais, prêmios por atingir as metas, avaliação de desempenho, placas com quantidade de dias sem acidentes, caixa de sugestão, troféus para os melhores funcionários etc.
O último projeto foi o “Café com o Presidente”, que dá oportunidade de a mão de obra tomar um café com pão, manteiga e bolo, no mês do seu aniversário, com o Sr. Luiz.
Dirceu, o gerente de fábrica disse que atendeu todas as reivindicações da última reunião com o pessoal no início do ano passado. Desde então não há mais revista, todos os dias, de bolsas e mochilas na saída dos funcionários.
Agora é feito apenas esporadicamente e sem avisar, mesmo que isso tenha aumentado um pouco os furtos. Enfim, disse o Sr. Luiz, se a consultoria não resolver o problema dessa turma, ele não sabe mais o que fazer e haverá muita demissão. É a última bala na agulha que ele tem. Ou a consultoria resolve ou ele fecha.

Questões:

  • Quais são os problemas do Sr. Luiz mesmo?

  • Por que sempre apontamos os liderados como origem dos problemas?

  • É possível que a mesma cabeça que criou os problemas ache a solução?

  • Joaquim, o consultor, tem alguma chance de ajudar?

Comentários:

O modelo mental predador que fez o Sr. Luiz construir a empresa e fazer com que ele chegasse aonde chegou, não se sustenta mais no mundo contemporâneo. Poucos talentos aderem a essa forma de pensar. Na verdade, ninguém gosta de acordar todos os dias bem cedinho para trabalhar para o dono enriquecer. As pessoas fazem isso por um tempo e depois desistem das organizações sem causa. Cá entre nós: há um número grande de opções no mercado para quem não é acomodado e quer construir algo maior.


Empresário que pensa em herança e não em legado não vai muito longe. Aos poucos vai morrendo e se tornando obsoleto. Quando a imagem de marca não é formada pela reputação, as estruturas corporativas são frágeis e estão com dias contados num mundo que expõe os defeitos no ritmo das redes sociais.


É preciso mudar os paradigmas começando pelo mais terrível deles: o apego. Desapegar é a palavra de ordem dos empreendedores do futuro. A obra a ser construída sempre será maior que os egos a serem alimentados por essa obra. Se o indivíduo se julgar maior que a obra, ele vai produzir uma herança aos seus descendentes. Se for menor, certamente ele produzirá um legado para futuras gerações.


Há no mundo, cerca de 10 empresas com mais de 1.000 anos de atividades. Todos elas são familiares e foram passadas de geração a geração. Elas ajudaram todos os agentes do holograma a criarem riquezas e se desenvolverem. O que as fazem longevas? O pensamento em deixar um legado e a postura ética ao agir.


Não há ética em organizações como a do Sr. Luiz quando ele entende que os culpados são os outros. Não há nenhuma chance de o consultor ajudar se não mudar o paradigma.


Jean Paul Sartre (1905-1980) escreveu: Está revelado o verdadeiro inferno: a consciência não pode furtar-se a enfrentar outra consciência que a denúncia, por isso: “o inferno são os outros”. “Os Outros” são todos aqueles que, voluntária ou involuntariamente, revelam de nós a nós mesmos. Algumas vezes, mesmo sufocados pela indesejada presença do outro, tememos magoar, romper, ferir e, a contragosto, os suportamos. Uma vez que a incapacidade de compreender e aceitar as fraquezas humanas torna a convivência realmente um inferno.

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