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Foto do escritorXiko Acis

O utilitarismo, família e a liderança


Utilitarismo foi criado no século XVIII pelos filósofos britânicos Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806-1873). Bentham define o utilitarismo como: “uma ação é útil e, portanto, justa, ética e correta, quando traz mais felicidade do que sofrimento aos atingidos. Deste modo, o prejuízo de alguns poderia ser justificado pelo benefício de outros, desde que estes estivessem em maior número.”


O Utilitarismo é uma tradição filosófica que pensa os problemas de organização interpessoal, a partir da ideia de que podemos conhecer o bem e o mal, por meio de critérios identificáveis pela nossa capacidade racional. O Utilitarismo tem dois fundamentos: somos seres que conhecemos através da investigação racional; e somente agimos movidos pela busca do prazer (bem) e pela fuga da dor (mal).


Fundamentalmente anglo-saxônico, o utilitarismo se preocupa em ver o mundo e a conduta humana através de um racionalismo empírico. Como definição básica, o racionalismo empírico deve conter:

  • Clareza

  • Precisão

  • Consistência

  • Coerência Sistêmica

  • Controle empírico (experimental)


Inspirado no iluminismo, o utilitarismo é um tipo de ética normativa, segundo a qual uma ação é moralmente correta se tende a promover a felicidade e condenável se tende a produzir a infelicidade, considerada não apenas a felicidade do agente da ação mas também a de todos afetados por ela.


O conceito utilitarista é tão poderoso que hoje, século XXI, ainda praticamos no dia a dia das pessoas e organizações o preceito de que a maioria deve sempre ser atendida em detrimento da minoria. Se a minoria for 49,999% e a maioria 50,001%, ainda assim seguimos essa tendência. Se essa maioria, com o atendimento, ficar feliz, ferre-se a minoria.


O utilitarismo foi fundado em uma época de poucos recursos e, por isso, pouco tempo para discussão de coisas importantes. Na época em que foi criado, nem a maioria era atendida, embora, para estatísticas, funcionavam como atendidas.


Em uma mundo contemporâneo, continuar com o pensamento utilitarista me parece insensato. Já temos tecnologia o suficiente para atender todos – maioria e minoria – se quiséssemos verdadeiramente. Aí sim a ética estaria funcionando como deve e não como poucos querem.


Mudaram os ideais e com eles criamos e somos maioria em algumas coisas e minoria em outras. Ser frustrado toda vez que formos minoria não faz sentido. O que mudou mais radicalmente nesse sentido foi a forma como lideramos. Veja o quadro a seguir:



Até o século XVIII o modelo autocrático de liderança era que funcionava. Foi nessa época que o utilitarismo foi inaugurado.


Já no século XIX e XX, o modelo democrático de liderança (utilitarista) começou a ser difundido e, tanto nas famílias como nas empresas e organizações, se instalou e está até hoje. Se bem que encontramos facilmente empresários e famílias com o regime autocrático ainda.


Agora, no século XXI, o modelo que surge e vai ser o único a sobreviver, na minha opinião, é o sociocrático, onde o argumento é que será o balizador das decisões, enterrando de vez o utilitarismo.


Imagine uma família com pai, mãe e 4 filhos. Dois integrantes (o pai e uma filha) detestam espinafre e não conseguem nem ver e nem sentir o cheiro. Os demais integrantes (mãe, dois filhos e uma filha) adoram espinafre e se puderem comem todos os dias. Eles marcaram para discutir o assunto. As hipótese de solução são:

  • No modelo autocrático patriarcal, o pai pode decidir em acabar com a festa do espinafre e proibir a verdura na casa;

  • No modelo autocrático matriarcal, a mãe pode decidir e, além do espinafre cozido, haverá novas apresentações: cru, bolinhos, biscoito, omelete etc.,

  • No modelo democrático (utilitarista) a maioria vence e, o espinafre será servido normalmente;

  • No modelo sociocrático, os argumentos apresentados podem mudar rumo das coisas a todo momento. Hoje, podem servir o espinafre, porém o pai e a filha vão jantar em outro lugar. Amanhã já podem fazer de outra forma de acordo com o argumento.

A busca por um argumento contundente, tira a pessoa e/ou líder da zona de conforto (democrático - utilitarista - consenso) em busca de um conhecimento que todos aceitem. Hoje, pode ser o meu argumento a ser aceito. Amanhã, por você se mexer e ir atrás de um novo argumento, o seu pode ser aceito e assim por diante.

Mude a postura de um discurso do século XIX de que: “Aqui na empresa votamos para...”; ou, “Aqui na família a maioria quer...”, para um discurso do século XXI de: “alguém tem um argumento sobre isso...?

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