Desde o golpe de 1964 sem estudar ética e moral de forma estruturada e profunda, criamos o povo do “jeitinho brasileiro”. Um povo inspirado na lei de Gerson: “de levar vantagem em tudo, certo?”.
Não vejo um futuro no Brasil que seja promissor em termos de valores virtuosos. Muito pelo contrário, vejo um futuro obscuro onde os “cidadãos de bem” vão continuar querendo levar vantagem em tudo. Não sairemos dessa postura incólumes e sem uma luta literal. O resgate moral e ético, quando e se acontecer, nos custará vidas.
Nessas eleições de sábado (02/10) mais de 32 milhões de pessoas estão cagando e andando para o que vai acontecer no Brasil. Essa abstenção ocorre em um momento crucial da política e, mesmo assim, não deram sinal de vida. Eu até aceito às mais de 5 milhões de pessoas que votaram em branco ou nulo. Para elas, não havia representantes e eu entendo isso. Pelo menos elas deram sinal de vida e foram manifestar sua vontade.
Mais agravante ainda, são os mais de 108 milhões de pessoas que votaram nos dois candidatos que são antiéticos e imorais. A única diferença entre os dois é que o Bolsonaro, além de antiético e imoral, também é cruel.
Do ponto de vista da moralidade, os dois candidatos foram e são imorais. Você encontrará no Google o não cumprimento de regras (moral) que os dois confessam terem feito e continuam fazendo a todo momento. É só querer procurar que vai encontrar. Você encontrará vídeos do Bolsonaro dizendo que não paga impostos, que deveriam morrer 30.000 na revolução, que a tortura foi necessária e assim vai. A mesma coisa do Lula, vídeos dele mentindo no exterior sobre o número de pobres, sobre o relacionamento com a religiões e mais mazelas.
Do ponto de vista da ética (bem comum) também você encontrará dados sobre os dois que os tornam antiéticos contumazes. Os casos da compra da vacina pelo Bolsonaro, o desrespeito às mulheres, o falso cristianismo para buscar interesses e apoio, as maracutaias da família e por aí vai. Do Lula a mesma coisa. O não reconhecimento dos erros do PT no caso do mensalão e do petrolão, entre outros.
Analisando os candidatos Ciro e Simone, eles tiveram apenas 8 milhões e meio votos. Ou seja, o povo brasileiro tinha opções de candidatos com postura ética e ação moral mais estruturados e, mesmo assim não assimilou e abriu mão dessas opções.
Isso nos remete ao primeiro parágrafo, ou seja, sem conhecer ética e moral de forma estruturada, como vamos poder avaliar se um candidato ou candidata o são? A resposta é: nunca. Vamos continuar acreditando nas “pessoas de bem” que fazem as atrocidades no calar na noite.
Ninguém, que se julga ético, vota em Bolsonaro ou no Lula. A ética e as mazelas desses políticos não moram na mesma casa.
Estou profundamente triste com o que aconteceu nas eleições de domingo. Com 65 anos de idade e nos últimos 15 anos lutando para desenvolver a cultura ética e moral em organizações, não sinto eco nas minhas ações e muito menos apoio.
Quando conto o que eu faço, tanto na consultoria como nas palestras, oficinas e cursos, as pessoas acham maravilhoso, porém nada mais do que isso. Creio que elas entendem que não é tão necessário a ética e moral estar presentes no dia a dia da vida delas. Afinal, elas já nasceram quando não havia o estudo da ética e da moral e não sentiram falta até agora.
Como “pessoas de bem”, acreditam que os valores familiares e valores religiosos são suficientes para viverem um mundo de “Doriana”. Ética e Moral são assuntos para os filósofos e, como sabemos, filósofos servem para que mesmo?
Tenho consciência que já vivi mais de dois terços da minha vida. Entretanto, esse último terço, eu gostaria de poder contribuir com o entendimento estruturado de ética e da moral pelas pessoas e empresas em geral e, principalmente, pelas “pessoas de bem”. Mas creio que isso não vai acontecer. Não porque eu não quero, mas porque as pessoas não acham necessário. A sensação que fica é que estou no país errado e na época errada. Só desejo que meus filhos e filha saibam lidar com isso e sobrevivam a lei de Gerson.
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