Na minha família, temos um tio postiço que é padre. Durante um bom tempo ele frequentava a casa do meu tio nas festas de Natal. Fazia uma missa e se deleitava com as guloseimas que a família preparava. A família tinha mais de 60 pessoas e, todos se declaravam cristãos. Isso acontecia na década de 70 e 80.
Em um desses encontros eu perguntei ao Padre, por que as igrejas tinham para-raios?
Ele pensou, pensou e respondeu: É para proteger o prédio e as pessoas que estão dentro quando caem relâmpagos.
Depois desta resposta minha fé fugiu como um raio.
Enfim, coisas da metafisica que não há explicação. É tipo acredite se quiser. Quando estudei filosofia da religião, estudamos o Paradoxo de Epicuro, que diz: “Se Deus é bom, por que o mal existe? ”
Epicuro, filósofo grego do período helenístico, que atuou séculos antes do nascimento de Jesus, o Cristo, deixou como legado um paradoxo que viria a se tornar uma das maiores problemáticas cristãs. O Paradoxo de Epicuro questiona as qualidades de Deus: onipotência, onisciência e onibenevolência.
Se Deus é onisciente e onipotente, então possui conhecimento da existência do mal (pela onisciência) e poder para acabar com ele (pela onipotência), logo, se não o faz não pode ser onibenevolente, pois não estaria sendo absoluta e ilimitadamente bondoso ao permitir o mal.
Se Deus é onipotente e onibenevolente, então possui poder para acabar com o mal (pela onipotência) e desejo de assim fazer (pela onibenevolência), logo, se não o faz é porque não tem conhecimento do mal, isto é, não possui conhecimento absoluto, assim, não é onisciente.
Se Deus é onisciente e onibenevolente, então possui ciência da existência do mal (pela onisciência) e vontade de acabar com o mal (pela onibenevolência), logo, se não o faz é porque não tem poder para tal, isto é, não possui poder ilimitado, assim, não é onipotente.
Agostinho de Hipona (Santo Agostinho) resolveu esse trilema da seguinte forma: O mal não existe ontologicamente. O mal é tão somente a privação do bem.
Até hoje, tanto o Paradoxo de Epicuro como a afirmação de Agostinho, são objetos de estudos e, cada corrente filosófica, puxa para si o que mais interessa. Não há acordo nisso.
Mesmo assim, não há coerência em colocar um aparato humano (para-raios e seguros) para proteger o que se chama de “Casa de Deus”. Não faz sentido algum isso.
A conclusão, seguindo Epicuro ou qualquer outra inteligência, é: ou não existe uma “Casa de Deus” e tudo que inventaram até agora é para “pegar o seu dinheiro” em nome dele, ou Deus, efetivamente, não existe, mas como precisamos de um mito para dar sentido a nossa existência, “fingimos” que acreditamos.
Ficaria esquisito agora, depois de tanto tempo e tantos deuses, falar que eles não existem. Colocamos o nome Deus até em dinheiro. Falar que não existe é comprar uma briga sem tamanho.
Veja o caso dos Bispos e Pastores evangélicos, principalmente no Brasil. Quando você fala para eles que está precisando de dinheiro com urgência, eles te pedem para orar com fé a Deus. Quando são eles estão precisando, “te obrigam” por meio da culpa a dar dinheiro para eles. Eles mesmos não oram para Deus nesse momento. Estranho né?
Enfim, colocar para-raios nas igrejas e templos, fazer seguro dos objetos que estão nesses lugares é não acreditar 100% na divindade. Os intermediários (Papas, Padres, Pastores, Bispos, Sacerdotes, Reverendos, Rabinos etc.) já sabem disso há muito tempo.
E você? Acredita em Deus mas acha que ele anda ocupado demais para te proteger e por isso você faz seguros?
Acredite na Postura Ética. Ela sim é onipotente, onisciente e onibenevolente.
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